Olá, Guerreiros!
Há semanas penso em escrever sobre o assunto, mas não gostaria de ser mais um a entrar no “Fla x Flu” que virou o debate sobre SAF sem ter nenhuma referência concreta, nenhum embasamento legal ou até mesmo detalhamento sobre as notícias que surgem diante os primeiros grandes clubes brasileiros a aderi-la.
Olhando especificamente para o meu Fluminense, e acredito ser realidade da grande maioria, o modelo societário arcaico e falido nos conduz a crer que a única solução para a tão sonhada profissionalização seria realmente a SAF, já que nenhum “dono” investiria 9Mi por 50% do possante Caio Paulista, 9 Mi no Cris, teria renovado contratos de Hudson e Matheus Ferraz (2021), por exemplo ou teria aparelhado departamentos importantes tecnicamente, apenas por amigos/aliados.
A falta de criatividade e profissionalismo na geração de receitas é assustadora; o conceito de alocar os amiguinhos de campanha em funções estratégicas traça paralelo à vergonha da nossa política nacional e em pleno século XXI os clubes são tratados apenas com a “paixão”, sem planejamento de marketing e gestão que justifique qualquer empreendedor de peso aportar capital, além das habituais receitas de TV, patrocínios, onde na maioria das vezes o clube serve de “vitrine imediatista” e ignora-se até o melhor uso de patrimônio, vide nosso estádio das Laranjeiras, que se não é viável para futebol profissional (na visão de alguns), poderia se tornar a maior casa de espetáculos da Zona Sul Carioca.
Se olharmos para a gestão de despesas, aí que realmente jogamos a toalha para o modelo atual. A Falta de transparência no preenchimento dos cargos, as escolhas baseadas em decisões monárquicas, as confusas parcerias com determinados empresários, que nos fazem “aceitar” barangas, os contratos com sigilo, as permutas…são muitos os motivos para abraçarmos de vez o modelo SAF e acreditarmos no “felizes para sempre”.
Focando nossas atenções à SAF, primeiramente precisamos compreender que existem modelagens diferentes em andamento e bem superficialmente olharei para duas: De um lado, os grandes a beira da falência (Cruzeiro, Botafogo, Vasco), buscando uma salvação imediata e se iludindo com cifras vultosas. Do outro lado, clubes novos/sem tradição/sem “marca” que se permitirão a tudo, incluindo perda da identidade (escudo, camisa, hino…Bragantino, Cuiabá…).
Não perderei tempo em analisar nosso possível alinhamento ao modelo adotado por clubes sem tradição, mas deixarei apenas claro um fato: a camisa irá pesar cada vez menos. Não acredita?! Veja as franquias da NBA!
Olhando para os grandes, precisamos ressaltar nossa principal diferença para eles. Temos um “tesouro” em mãos. Nossa base não é “uma obra de sorte ou do acaso”, mas sim um modelo de sucesso que pouquíssimos clubes conseguem realizar. Temos uma real integração entre as categorias e isso faz com que nossa transição de base seja uma das mais assertivas do Brasil, mas isso é conversa longa para outro capítulo. Foquemos no “Câncer” alojado em dois pontos no corpo do FFC: Dívidas e Gestão.
Dívidas e Gestão estão presentes em qualquer argumento pró SAF. Nada justificaria um clube, uma marca e uma história centenária “se vender” se o mesmo encontra-se saneado, com potencial máximo de alavancagem de receitas e com eficácia plena no controle de despesas.
Mas como encontrar soluções para liquidar as dívidas sem um aporte representativo, que traz uma SAF? Como fugir dos empréstimos bancários? Como cortar na raiz os “esquemas” junto aos empresários de sempre, que servem as migalhas com uma das mãos e nos esfolam com a outra?
Realmente estamos desacreditados e parece ser mais conveniente entregar nas mãos de um “dono”, que certamente não rasgaria seu capital como se faz no FFC!
Não vou desrespeitar quem assim pensa. Estamos descrentes, nos sentimos enganados de 3 em 3 anos (eleições) e pra quem é imparcial, a grande maioria, diferentemente do que diz os que estão no poder, a massa tricolor quer mesmo é time competitivo, um clube moderno, mas sem perder sua essência e acima de tudo títulos! Contudo, como bom romântico, eu ainda acredito que exista outro caminho.
No meu entender, não há solução, fora uma boa SAF, que não passe por uma plena reformulação do Estatuto, que afeta diretamente pessoas que “mamam na teta”, que determine a profissionalização e exponha criminalmente os envolvidos. Isso feito, precisamos ter a convicção que o “sistema” foi construído para que as pessoas vivam endividadas. Portanto, se perguntem: Há quem interessa o modelo atual de “vender no varejo”, cortando na carne e “pagando juros” absurdos? Se perguntem também: Não seria mais inteligente “cortar o mal pela raiz”, tornar a operação “venda de Xerém” um produto similar ao do “marcado de capitais”, pôr no caixa um montante mais do que suficiente para equacionar as dívidas, vender atletas pelo quádruplo, deixar de ganhar 50% com os sócios da operação e ainda assim ter a certeza que “ganhou o dobro” dos tempos atuais, e ainda usou esse capital para reinvestimento, time competitivo e não para nossos “negócios da China” com o Sr. Uram, por exemplo?
Eu tenho duas convicções: A primeira é que não gostaria de ver meu Fluminense ter dono, correr o risco de perder sua essência e até mesmo virar pó daqui há 30 anos, seja porquê o dono não se interessa mais ou porquê morreu e o filho só gosta de “vôlei”;
A segunda e principal convicção é que NO MODELO ATUAL DE CLUBE E GESTÃO NÃO DÁ! E não precisa ter dado “dois treinos” em administração e finanças para entender isso. Não precisa conhecer mais do que 5 tricolores daqueles que sequer pisam no clube, não possuem nenhum viés político e nem mesmo freqüentam mais arquibancada, para entender que o FFC vive duas das mais graves doenças: FALTA DE ESSÊNCIA E CREDIBILIDADE.
Se você é conselheiro do clube e está sentado sob almofadinha do seu “grupiderme” político, vendo o trem passar e ciente que nenhum dos remédios apresentados pelo líder resolverá de fato a vida do FFC, digo que passou da hora de honrar as calças que veste; se você é um mero apoiador ou oposição, em busca da manutenção do modelo, em busca de um camarote, um “almoço” com os jogadores ou uma mera “estrelinha no peito”, tenho ainda mais pena de você!
Se você é favor da SAF, adicione uns temperos no que está por vir e reflita que talvez, pelo desespero, esteja colocando energia na “solução desnecessária”: O modelo atual do futebol brasileiro está com dias contados; a liga já é uma realidade; somente o aporte inicial previsto já justificaria a compra de qualquer grande clube com as cifras que hoje são divulgadas; os contratos de TV sofrerão grande reformulação nos próximos anos, inclusive para o mercado internacional; nesse novo modelo, mais sólido, as negociações com mercado europeu terão valores bem mais expressivos; e a WTorre acaba de fechar um contrato para uma gigante e moderna reformulação da também histórica Vila Belmiro.
São muitos os indicadores que nos leva a crer que o Fluminense deveria se “SAF-ar”, ao menos neste momento de baixa. No entanto, estamos vivendo sob um barril de pólvoras e isso também me leva a compreender os mais céticos.
Devolvam nosso FLUMINENSE!
Sugiro a leitura, em especial para quem acredita só haver um lado de sucesso: https://www.matinaljornalismo.com.br/parentese/reportagem/quase-rebaixamento-do-colo-colo-expoe-falencias-do-modelo-de-clube-empresa-no-chile/
Rafael de Castro Ladewig de Araujo.
Meu sangue é grená com glóbulos verdes e brancos.